domingo, 17 de junho de 2018

Desventura







terça-feira, 22 de setembro de 2015

Cale-se

Em nenhum momento passou mais que o talão do cheque, e o número da conta. - Para que? Ora veja, para poder saciar as expectativas, e olha, ainda teve a coragem de falar de amor.
Era o piso da sala de mármore que não se descasca, e também aquele aplique na parede de papel europeu, custaram os olhos da cara.
Essas eternidades materiais que rodeiam a humanidade são tão efêmeras, os sete pecados capitais estão nos pólos extremos, os excessos nascem nos olhos.
Mas e a ética? É só sentar no agora, resolver tudo cara a cara, olho no olho, com um monte de papeis empilhados a frente que insistem em ver o lado mais favorável das coisa, mas sem querer se justificar, só na retórica.
A partir de agora, nem passe por mim, disse, não fite seus olhos sobre mim, pois mesmo com toda as frustração, não há entrega. 
Todas as noites enchendo de vinho e psicotrópicos, a entender o que transcende com as linhas dos hemisférios imaginários, entre a tênue vingança de uma verdade escondida, num clichê barato.
Veja, não há educação sentimental, a luz não esteve no nascimento, era noite, e o viveiro estava repleto de almofadas de cetim com bordados de sesmarias, coisas de família.
Agora a mão escorre pela cabeça, como um mimo, pedindo colo, o acento de cetim vermelho, com aquele tapete de veludo para combinar, tem um vazio tão grande.
Não sei para onde vai a escada, mas deve ser para o alto, para a luz, a essência precisa de conceitos reais e a realeza as vezes ocupa os melhores lugares na platéia.
Os palcos são apenas lugares,  pois quem os ocupa? Mesmo que seja dentro ou fora não há o menor sentido de direção, os sentimentos estão além das quatro paredes. 
Por favor, cala-se e beba isso, tomei mais um gole, virei de lado, e, uma lágrima escorreu sem esforço.

sábado, 13 de junho de 2015

A quinta essência


Que o cavalo não me passe selado, 
que o amor não me venha velado, 
que a vida possa em um sopro,
para me deixar 
sempre na confortável.
Postura de transitar nos caminhos 
onde a crença seja a liberdade múltipla. 
Por que o céu e o inferno dão a transparência às coisas, 
e o amor a ternura da vida. 
Mas de todas as apostas que temos que fazer, 
que sejam estas no mínimo as verdadeiras.
Só assim, a liberdade com certeza 
será imbuída de coragem,
para não replicar com a impotência
 o sentimento de falta de tesão. 
Que eu seja, sim, uma expedicionária 
com crença o suficiente
 para não castrar minha essência, 
e me apaixonar sim, 
sempre que por mim passar um cavalo bravo.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Sonhos



Caminhamos para o entendimento, 
trabalhando na contra-mão
do que é estabelecido. 
Manter-se no isolamento, 
é manter-se na ignorância 
do entendimento imposto. 
Temos a informação,
mas os meios ainda à projetam para confundir, 
sob a mecanicidade da ótica do poder,
essa é a falácia da meritocracia:
- desfaz os sonhos.

Aprendizado



Ignorar é desconhecer, 
a sabedoria é um estado de espírito do aprendizado. 
Na jurisprudência, já que ninguém esta isolado, 
cada um é responsabilizado por seus atos. 
É enganador o certo e o errado 
porque caminham lado-a-lado. 
Nesta mecânica que há na vida, 
todos precisamos sentir os fatos, 
com análise da informação e senso crítico. 
Como cada um age esse é o barato. 
No coletivo, onde as trocas se dão, 
quem põe sua pauta tem que sustentá-la 
de acordo com seu entendimento, 
e aguardar para receber a contrapartida. 

Encantamento




O encanto da arte não é a estática,
como chão de terra batida: é a fluidez.
Ela nos carrega em suas águas,
mas cuidado, ela pode nos afogar,
quando dela nos apropriamos
de maneira particular.
A arte ensina-nos a flutuar, a nos desprender.
Essa é a maior de todas as recompensa,
a transmutação, o desprendimento.
Ela nos tira dos assombros e nos leva às revelações, 
nos libertando dos enganos de nós mesmos.
A arte traduz o intraduzível, 
e sopra como vento ultrapassando portas
já que não há trancas.
A arte é mais que sete vidas 
é metafísica, a plenitude do respirar.

Além de nós




Para conceber um aprendizado
temos que primeiro nos despir, 
para depois vestir uma nova roupa. 
Aprender é antes de tudo um ato de entrega. 
Para ser autêntico temos que romper
com os conceitos que estabelecemos, 
e para se entregar é necessário coragem
em lidar com os abismos dentro de nós.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Luxuria





Naquela manhã o tempo se cristalizou, 
era nítido que isso aconteceria, 
também com tamanha umidade relativa no ar. 
Respirei tentando não sufocar minha mente,
inspirei minha inquietação devagar, 
foi luxo converter-me em estar.

domingo, 7 de junho de 2015

Diante do espelho






Não mais subjugarei meu espelho
asseguro-me que não.
Perguntei-lhe esta noite:
- Você me ama realmente?
Uma mulher real e encantada
despejou minha fala:
- Agora não sou nada mais 
que esse desejo impaciente ,
desejo de ser feliz, 
desejo de você completamente.

sábado, 6 de junho de 2015

A Arte





Entre dramas e barrancos, 
entre os risos e a tragédia, 
entre a comédia e a razão,
entre o tempo e o nada, entre a farsa e a verdade, 
entre a vida e a morte: a ARTE! 
Arte que caminha lado a lado com a humanidade, 
que desperta o essencial perturbador de cada um, 
que provoca o tempo e a vontade. 
Essa efêmera potência subjetiva, que não podemos domar. 
A Arte fecunda que não aceita nada menos que a verdade, 
mesmo sendo ela cheia de enganos. 
A Arte, que tem por única ferramenta: o despertar, 
o desprendimento de si, sem limites. 
Nela mora a busca incessante até mesmo da não reposta, 
apanhada pela ilusão sem trégua, do se ir, se levar, 
além fronteira, para talvez quem sabe, 
na surpresa da vida se encontrar em algum momento pleno, 
onde se possa, com toda a potência, 
encostar a cabeça e por uma noite quem sabe, dormir em paz.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

O caminho



A manha da manhã manhosa,
das frestas e arestas 
que nos comunicam devassas.
Argumentos não bastam
para sustentar o discurso postiço.
O dia de amanhã é o sonho de hoje,
e não o pesadelo impostos por ditadores.
Vivemos numa liberdade fictícia,
onde o plano "A" é a fraude.
Operamos em um sistema cuja
a única verdade é a exploração,
de uma política economicista.
Rompem as filas dos atendimentos,
quem tem status.
Escancaram pra todo o mundo
a nudez de uma falta de vergonha na cara.
Aos filhos dessa Pátria onde estará seu futuro?
Relatórios queimados e jogados em lixeiras.
Tá todo mundo fedendo neste reino
que não é a Dinamarca,
é o Brasil, Pátria amada.
Esqueceram de consultar os livros de história,
esqueceram de sentar nos bancos da consciência,
esqueceram da marcha dos descamisados,
do fuzil que matou Che Guevara,
trabalham na coerção social.
Violaram a vida, mentiram para si mesmo.
Não contemplaram, a natureza das coisas simples, o gosto de viver.
Não me deem por favor nem mais uma dose,
o meu figado está opilado.
O câncer social está na UTI,
temos que correr e não temos pra onde.
As igrejas estão nesse jogo,
porque seus representantes estão jogando
contra o povo, traindo a liturgia,
vendendo a entrada para o céu,
se disfarçando como perfume barato.
A natureza tem paciência,
até o momento em que ela se revolta.
Tudo que é colocado neste espaço sideral,
voltará como revanche.
Não sobrará pedra sobre pedra,
será um Sodoma e Gomorra,
será um viveiro de infâmia.
Estão pregando: - salvem-se quem puder.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

E assim foi


Em princípio na escuridão nasceu a luz, 
os rios, os mares,as plantas,
os animais e por fim homem,
mas este estava vazio.
Então nasceu a mulher.
a verborragia, o encanto,
a liberdade.
Não suportando
a limitação em contemplar o paraíso,
pegou o seu nada e partiu.

Regra






É tão simples existir.
Primeiro você cria,
depois você tenta se relacionar
com sua criação.
Considerando: a dimensão,
a tridimensionalidade e
depois, rompe na quarta parede,
pra tentar escapar do que foi criado.
Percebe?

terça-feira, 26 de maio de 2015

Sem encaixe



Alma de expiações,
alma de adivinhações.
Sabemos que a compreensão
é uma ferramenta de várias vértices,
composta por um peso sem medidas.
Tanto temos para viver
que não cabe aqui dizer as regras.
Mas nas adivinhações, 
nas expiações, os desenhos,
formam emoções
que não se explicam,
vagueiam para nosso lado mais sombrio.
Hoje uma pontada no peito,
aperta as sensações que não cabem,
nem perguntas, nem respostas.
A condição humana nos leva à surpresas,
as vezes sem palavras.
Medito horas em fios, que percorrem
como algo que talvez acabe em novelos,
labirintos, desencantamentos.
A dor de cada um deve ser respeitada,
pois não há explicação para cada fato.
Há sim uma somatória de acontecimentos,
acumulados no decorrer de uma vida.
Parte desses acontecimentos,
são fatos que criamos, parte,
são fatos acometidos por outras vidas.
Quem dera minha ingenuidade me absolvesse
apenas na alegria de ter feito,
mas não há absolvição sobre o tempo.
Ele pode curar, mas também incriminar
as escolhas sentidas, recolho o que resta, 
há algo que não me sustenta.
Fecho meus olhos para não ouvir
a boca que se amarga.
Rumores sem sons atormentam,
vida sem trégua, que não cabe em mim.

domingo, 24 de maio de 2015

Translúcida (poema dedicado a minha amiga Cleuza Santos Almeida)





Há pessoas que nascem com um
a genética distinta,
pode a condição de vida a limitar em compartimentos,
etiquetas e citação de regras,
mas como uma planta daninha, aflora.
Para estes subjugados pela ditadura da ordem,
qualquer fresta é um sinal de liberdade.
Controlar é impossível, já que o estado de felicidade,
transmuta a própria consciência em vigor de juventude.
O perigo está em apenas gostar:
do amarelo, laranja, vermelho, das cores quentes,
em seu corpo de estrelas;
única medida gravitacional que às orientam.
As ilusões são os caminhos,
estes seres não se abalam com seu entorno,
já que seu brilho dissipa a escuridão.
E da vida, apenas uma regra: acreditar no impossível,
que são estes inebriante raios indomáveis,
uma eletricidade de alta voltagem,
que as conduz para além da estética,
à integridade absoluta do ser.
Pois desta vida: se há salvação?
Salvam-se apenas os que acreditam em si mesmo.

Sem reservas




Desculpe-me se não existe mais romance em mim,
se a noite dorme em meus braços toda vez
que eu penso em sair.
Sabia que há horas sem fim em meu relógio
e nem mesmo sei o peso que isso tem?
Deve ser porque dei tempo demais pra mim,
e descobri que ele é um ladrão de corpos.
O que é estar pronto?
É não cometer nenhum deslise,
ou é acontecer em cada segundo?
Se você quiser ter um bom romance comigo
tem que estar disposto em pular o cercado
e olhar para a lua sem piscar,
pois agora é tarde.
Eu já não posso segurar o vento,
só posso observar as folhas e o céu cinzento.
Porque ir para o lado mais fácil
é roubar o relógio da mão do tempo,
e lamber as cerejas do bolo,
ou ainda esquecer a falta que tantas coisas
faz em mim, como a coleção de palavras
que guardei sob a pele, quando no ultimo outono
eu desfolhei no vento com tanta sinceridade.
Não me guardei em potes como conserva,
apenas vivi todo o amor que poderia sentir
sob o tempo que fiz de mim sem reservas.

Mortos vivos



Atenção população:
morre a cultura, a educação!
Morre quem mais lhe dá vida.
O que será da humanidade,
se não houver a arte?
A liberdade vivida na subjetividade 
é o que mantêm a lucidez, o equilíbrio,
sem elas seremos mortos-vivos!

Amados


Caminhada



Escolhemos os caminhos 
que o sentimento por algum motivo 
tenta entorpecer ou tornar realidade. 
Este é o mistério, 
quando nos dispomos a desvendar.
Damos um passo à frente de nós mesmos,
quando apreciando a caminhada.

O vazio


Tocava-me numa frequência baixa, 
com fins expressivos.
Utilizava sempre uma estrutura repetitiva, 
um rito de fé religiosa, 
até me chamava de santa.
Sem correntes 
mantinha-me em sua cama.
Foram anos sem troca.
Ocidental ferramenta:
entre a agulha e um novelo de linha sem ponta.

Atentado contra o pudor





Estas mãos metafóricas,
sinestésicas, 
deixam apenas um sim ...
deve ser o blues baby. 
Deve ser o blues acetinado 
que toma os sentidos. 
Sei tudo sobre as delícias desta vida, 
quando o som toca as cordas 
e me acorda por dentro. 
Ainda bem que ultrapassa 
os holofotes, ainda bem 
que neste acorde 
os gatos viram pardos 
e se misturam na noite. 
Não há como distinguir os afetos 
quando colocados na trama 
da cama de cada corda. 
Um roronar de arrepios: 
- o que pode haver mais que este afeto? 
Um desapego total, 
uma entrega silenciosa 
a intimidade posta à prova, 
assim é um blues, baby ... 
assim é o blues...

O amor







Quando o amor acontece ele vem aos passinhos 
para não provocar uma revoada aos pombos. 
Se você precisar de um tabuleiro de cartas marcadas, 
ai não tem graça, perdeu o seu brilho. 
Quando sua estrada escolhida, for a mesma da outra vida, 
então não será preciso viajar nas paralelas, 
e sim, unir as mãos e caminhar juntos, no mesmo sentido. 
Você pode rodar o mundo inteiro buscando pela pessoa, 
mas ela pode desde sempre estar ao seu lado, 
porque os olhos do coração não precisa de bússola, 
de relógio ou carros, ou de grandes eventos,
ele precisa de pulso, de vida, de coragem,
porque ser feliz precisa de entrega.


Uma linda mulher



Não posso colocar aqui um comentário como:
bela, maravilhosa, radiante .... etc ...
Porque já me expressei assim antes. 
Pela primeira vez, as palavras saíram correndo de mim. 
O estômago, a cabeça, os batimentos, 
a respiração de repente se misturavam em arrefecimentos instáveis. 
Fiquei simplesmente paralisada, 
demorei alguns segundos para retomar a consciência 
no tempo atual, o relógio se perdeu no tempo das memorias, 
só então após alguns segundos, depois de um verdadeiro hiato, 
eu retomei e disse a mim mesma: 
- Como um momento pode ser tão terno, a visão tão sublime. 
Encantadoramente, caminhando, vinha ela toda sorridente,
como quando em seus primeiros passos
pedindo-me para lhe dar a mão. 
Nada pode apagar a emoção que senti, tremi. 
Desculpe-me mas precisei parar para dar uma respirada. 
Foram tantos anos juntas, que sei lá, 
pensei que sempre seria assim. 
Suas roupas me enganaram,
essa sua forma casual de ser,
tudo tão delicado que nem reparei, 
refletindo agora, à bem da verdade, eu me neguei a ver. 
Aí vem você, toda de branco sobre o tapete vermelho, 
tentando esconder-se nos trejeitos de menina, 
mas que toda sua incontrolável beleza, 
veio assim denunciada em seu batom vermelho, 
desta vez não deixei-me enganar, 
estava sim, perplexa, diante de uma linda Mulher.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Fel social


Velai pelas nossas cabeças, plantai sementes do amanhã, 
salvem as crianças, da decadente e mesquinha sociedade que construímos.
Cuidem de nossas crianças e não as colham antes do tempo.
Salvem-nas dos dogmas, e das cabeças economicistas
que as colocam em cárceres privadas de luz. 
Algumas políticas sociais, estão enganando a ordem das coisas,
assim como quando toda a criança brasileira
é colocada expostas em sua frágil estrutura, na ausência de cuidados.
Isso não é casual, e nem tão pouco sensacional,
isso é crime, é desumano, desarranjo, verme, ferida, escória,
infelicidade para a pátria, infâmia maternal.

terça-feira, 28 de abril de 2015

E por falar em Abujamra, aqui vai minha saudação véi, entoadas em suas reflexões....




Sou um crítico de mim mesmo,
sou um desesperançado
que invado sem permissão sua hipocrisia.
Mau amado: - não!
Apenas é esse meus mais jovial retrato
o da transgressão, da delinquência,
que fez de mim o rei dos CEU'S.
Animado, sem graça,
que provoca os que lá vão para vê-lo,
e trocar um pouco de energia
porque os jovens estão à procura de algo,
talvez uma gargalhada grunhindo em desespero,
afim que se possa disparar as expressões reprimidas.
E assim, parti nesta noite, como abrindo uma outra porta,
talvez a mesma que Thomas Bernhard abriu,
sem ao menos se despedir,
porque por ironia eu estava dormindo,
logo eu que zelei com cuidados a minha mente
para sempre mantê-la acordada.
Talvez esse seja o segredo da vida, o inesperado.
Será que os provocadores se despedem,
ou ensinam: a olhar, a escutar,
as coisas que podem não terminar bem,
porque o fracasso e o sucesso, ferosfera,  
são iguais porque os dois são impostores
.
(in-memoriam - faleceu em 28/04/2015) 

domingo, 26 de abril de 2015

Adultos sem cultura

                                    (Governo Alckmin encerra convênio para curso de Alfabetização para adultos)

Sem mãos 
sem fala
sem pernas ...
um vulcão atônito me toma,
menos educação para adultos,
isso significa: - menos cultura
o que equivale a um retrocesso
um hiato no tempo.
Tirar do povo; - e o que o povo espera?
Governantes imperialistas
somam filas para ignorância
perco meu chão, minhas águas.
Epidemias e mortes,
velai povo pelos oprimidos.
Como quem chora, silencio: 
- no próximo outubro quais serão as pautas?

Amor e despedida




- Eu te amo: disse eu meio insegura,
depois de horas tentando decifrar seus códigos, 
e já com os desejos todo latejando em meu corpo,
e, imaginando suas mãos por entre as minhas pernas.
Tive que segurar meus gemidos.
Você continuou com sua fala acidental, 
como de costume,
encostando sua boca nos meus ouvidos, 
mantendo-me suspensa, como se tivesse a intenção
de contar-me um segredo.
É porque são ocidentais suas palavras, 
quando embargadas pela procura das justificativas.
Na medida certa, inclinando a cabeça para a rua,
olhou-me como quem mostra a estrada.
Apertei sua mão, beijei seu rosto, 
e lhe disse mais uma vez: - amo você;
então você com seu olhar me abriu pelo meio, e partiu.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Liberdade



Sinto informar à quem possa se incomodar,
que decreto hoje, que só tomarei nota 
de tudo que tocar a minha alma com importâncias.
Declaro também que acredito
no espírito e que este tem morada na alma
e que ambos moram no infinito,
e que por hora nesse meu corpo habito.
Ainda declaro também,
que o que vivi é o suficiente
para eu decidir o que me cabe.
E que portanto, acredito que dois corpos
não ocupam o mesmo lugar no espaço.
Sendo assim, me declaro livre.

terça-feira, 21 de abril de 2015

A Arte e seu portal



A Arte transcende,
com a mesma frequência dos sentimos.
Nenhuma outra porta
nos torna tão inteiros como a Arte.
Ao atravessarmos este portal,
nos encontramos com todas as peças
de nosso quebra cabeça.
Viver sem Arte é como 
o Narciso viver sem espelhos,
Ariadne sem a corda,
Alice sem o País das Maravilhas,
o canto sem a voz
e a poesia sem a boca.

O mundo

A subjetividade pode alcançar caminhos
provocando sensações criativas,
os pés alcançam as portas
as mãos as janelas
e a visão o mundo.


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Origem

Cada um sente seu pertencimento,
é fechar os olhos e deixar-se ir e vir.
Os caminhos são trechos
que temos que percorrer.
Aquele que tem medo em seguir,
não sabe nada de sua raiz.
Pertencer não é tomar para si,
pertencer é fazer parte,
é o sentimento certeiro de completude,
o seu lugar.

domingo, 12 de abril de 2015

Silêncio

Quando seu silêncio for tão profundo quanto a sua dor,
é porque chegou o limite para um grito.
Quando sua alma somente enxergar dor, então grite.
Grite sempre que seus pássaros forem presos na gaiola,
porque os pássaros são sempre para voar em liberdade.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Porque sim





Ainda bem que existe Walt Whitman,
e suas "folhas na relva",
suas delicadezas bucólicas,
que servem para todos os poetas 
e aos não poetas também.
Ainda bem que as folhas das gramas
podem se estender sob o céu infinito
e ficar assim à me apreciar sem segredos
por entre, por embaixo
e por minhas sombras, sem conflitos.
Só para eu poder me assentar
com minhas formas de sonhar,
em me redescobrir sempre e sem pressa.
Ainda bem que Walt Whitman me isentou dessa culpa ,
em ser demasiadamente humano.


Acordada

Utopias ou realidade?
Era digital que consome o mundo por utilidades.
Sucesso, devaneios, são quereres.
Somos mais que ferramentas
deste mundo que criamos e recriamos,
esquecendo de nossa humanidade.
Somos o convexo das emoções,
o saco dos caranguejos amarrados
querendo escapar para liberdade
e que se chocam em sua casca dura.
Somos o avesso, a deformidade, a leveza também.
Quem garante neste espaço do tempo em que vivemos,
que, a vida que assumimos está certa ou errada?
Parte de nós naufraga sempre depois de uma realização.
A dureza da vida trás-nos a traição das incertezas.
Concorremos não só com os espaços,
mas com a vida que está dentro de nós que tem seu limite de tempo.
Procuramos reproduzir na incansável busca sem fim
dentro de seu próprio tempo limitado.
Tocamos caminhos levados pelos pensamentos e emoções.
Hora e meia voltamos ao coração,
cabeça, pulso, respiração,
na oxigenação das células
como pensamento primário.
O mundo respira o que é criado,
sem saber que o que se cria é realmente útil.
Utilidade? Essa efêmera criatura criada por nós mesmos.
Logo a revolução está em trocar esta palavra,
mesmo que escondida em paraísos,
quem dera fosse essa a premissa de todas as horas,
e não o desejo apenas pelas realizações.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Caixa de Pandora

E se couber, coloco tudo na caixa de Pandora,
já que os reflexos condicionados entre o claro e o escuro
sempre me convencem a manter o equilíbrio.
Não aposto mais nas fragilidades instáveis do dia-a-dia,
não que isso não seja necessário,
é que hoje já não há mais a certeza de quem somos,
pois estamos espalhados pela cidade,
sempre estereotipados por algo que nem se quer nos identificamos,
apenas criamos e recriamos.



Blog para divulgação de eventos e espetáculos realizados no Teatro Universitário Cláudio Barradas (Pará)

Ser poeta

Para ser poeta não tem receita, deve ser uma falta ou combinação genética, é ter gosto por aquilo que a maioria nem se quer contempla. Ser poeta é ser um espiador, um louco varrido que faz caminhadas conversando consigo mesmo. É ser insuportável e mesmo assim amar a humanidade, a liberdade e a vontade legítima em estar, simplesmente estar, é o que o senso comum chama de ócio.

domingo, 25 de janeiro de 2015

La partenza

As torrentes atemporais
movimentavam massas.
Minha pessoa estava cru,
tinha uns verbetes em italiano na mala
e o coração cheio de vaidades satisfeitas.
As moléculas transitavam muito mais quentes
por minhas emoções viajavam.
Tudo parecia uma questão óbvia,
eu mantinha uma ansiedade morna.
Pensei várias vezes em que levaria para esta viajem, 
tentei me colocar a vontade com o tempo.
Mas ao toque da maçaneta do meu quarto
eu pude perceber que as emoções estavam diferentes.
"Sgonfio e pieno, essere l'ora".
mas nem sempre é estar totalmente pronto.
Precisava urgentemente me sentir comum,
porque tudo estava um pouco pesado. 
Pensei no vinho, na macarronada, 
e tentei me abstrair na leveza.
Programei despedidas,
passei a tarde com minha mama,
e senti a força que vinha dela. 
Tomei um porre e relaxei na poltrona
me acomodando num novo formato agora.

quinta-feira, 10 de abril de 2014